domingo, 14 de dezembro de 2008

Estar preso à liberdade

Quando você não tem opção, contenta-se com o que lhe coube. E dá um jeito de ser feliz com o que se tem. Sabe que não pode fugir daquilo, e assim se esforça para satisfazer-se.
Quando a vida te oferece um leque de oportunidades, você se perde.
A sociedade exige o tempo todo que você saiba o que quer, vá atrás disso e ainda por cima, seja o melhor. Mas você não sabe o que quer, você não consegue escoher. Tudo lhe atrai ao mesmo tempo que lhe repele.
Parece que você não vai conseguir fazer nada da vida, vai ser um zé ninguém. E isso é o que dá mais medo. Não ser lembrado, não ter feito diferença no mundo, não ser um exemplo a ser seguido. Claro que você tem que ser motivo de orgulho para alguém.
E aí você vive agoniado, ansioso. Tudo o que faz parece uma perda de tempo, porque você não tem objetivos. Você não sabe onde quer chegar. E a vida continua passando, e você tem que fazer alguma coisa. Nunca, jamais ficar parado, pensando. Não há tempo para isso.
É necessário trabalhar, produzir, ganhar dinheiro. Será que não tem uma profissão: ser feliz? Só isso.
E quando você perecebe, está com 47 anos, trabalhando em um banco, em um concurso que você fez "só pra tentar". Agora trabalha lá há 23 anos, e está contando os dias para se aposentar. Quando você se aposentar, aí sim: "vou começar a disfrutar a vida, colher os frutos que plantei. Meus filhos já estão encaminhados, não tenho mais nenhuma pendência". AGORA você vai começar a viver?
Morro de medo de me deixar levar à essa situação. Isso é tudo o que eu não quero. Isso é tudo o que eu não vou fazer.
Não sei o que eu VOU fazer. Mas saber o que não quero é um começo. Um começo pra começar a viver. AGORA.