"arte revolucionária deve ser uma mágica capaz de enfeitiçar o homem a tal ponto que ele não mais suporte viver nesta realidade absurda" GLAUBER ROCHA
segunda-feira, 24 de outubro de 2005
O barulho do relógio a incomodava. Deitada na cama, via a luz do mostrador do relógio iluminando parcialmente o breu do quarto. Saber que horas eram a deixava ansiosa, não conseguia dormir. A luz da lua, que entrava pelo buraco da cortina, iluminava boa parte da parede lateral do quarto. As sombras formadas denunciavam a existência de várias árvores do lado de fora da casa. As árvores faziam parte, na verdade, de um parque; lembrava quando o parque estava sendo executado e todos os moradores locais animaram-se com a novidade. Mas o espaço tornou-se de uso exclusivo ds traficantes: local para uso, compra e venda de drogas. Sua casa, pela proximidade do parque, estava sempre rodeada dessa gente estranha. Ela matinha a casa toda fechada durante o dia todo e, a noite, podia ouvir as conversas vindas de lá. Tinha medo de que eles a matassem enquanto dormia, transformando sua casa em uma boca. Cuidava do relógio, e se cochilava, seu sono era muito leve. Só dormia mesmo a partir das 6 horas da manhã, enquanto essa hora não chegava, ficava apreensiva, esperando acontecer o que tanto temia. Já eram 4:52, a noite estava terminando e logo poderia dormir despreocupada. Assim que amanhecia, desligava o relógio que tanto a irritava. Reparando nos barulhos extrenos, notou que essa noite estava atipicamente silenciosa. Pessentiu. Dormiu profundamente. Com o relógio ligado. O barulho do relógio não mais a incomodava.
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Um comentário:
atualizar uma vez por mês eh bom... tá na hora já
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