domingo, 20 de novembro de 2005


Jaraguá do Sul, 02/10/2005 Domingo

"Monique, vá dirigindo você para a casa da tia!".
"Tudo bem pai, mas eu esqueci minha carteira toda com todos meus documentos em Curitiba".
"Não tem problema... É Jaraguá, é Domingo...".
Depois de uma curva a esquerda, vimos a blitz a 20 metros a nossa frente.
"Estou sem o documento do carro".
Foi quase instantâneo. Meu pai falou isso e eu encostei o carro à direita, apavorada.
"O que eu faço pai, o que eu faço?".
A paciência do meu pai me irrita as vezes. Ele super calmo não disse nada. Pedi pra trocar de lugar com ele, mas o guarda já vinha em nossa direção. Mesmo assim saí do carro na maior cara de pau, e ele também, e mudamos de lugar. Meu pai sentou no banco do motorisca e ainda afivelou o cinto segundos antes do guarda bater no vidro e pedir para falar. Meu pai abriu o vidro e pegou os documentos dele.
"Os documentos da moça por favor".
O guarda ignorou os documentos que meu pai entregou a ele. Continuou pedindo os meus documentos. Quando ele viu que eu tava gaguejando e tentando explicar alguma coisa:
"Me acompanhem por favor".
O furgão da polícia era aberto lateralmente e dentro tinha um sofá e uma mesinha. Dois guardas, um homem e uma mulher, estavama sentados e mechiam em um computador que ficava na mesa. Várias pessoas estavam ali, umas chorando, outras reclamando e fazendo ligações. Estava eu, meu pai, a Carina e o José (leia rossê) estávamos esperando. O guarda que nos abordou voltou ao meio da rua para parar mais carros na blitz. Os documentos do meu pai já estavam na mesinha ao lado do computador, junto com vários outros documentos dos outros carros apreendidos. Nosso carro estava estacionado no mesmo lugar em que parei. Os guardas não estavam sendo nada gentis conosco. Falaram que iriam apreender a carteira do meu pai por liberar o carro a uma menor de idade. Eu insisti que eu tinha acabado de fazer 19 anos, que tinha carteira a quase um ano, que dirijo sempre. Mas eles praticamente não nos ouviam. Mandavam a gente se afastar e esperar, eles tinham mais coisas para resolver.
Chegou nossa vez de ser atendido pelos casal de policiais do camburão.
"Quando é teu aniversário?".
"29 de Setembro de 1986".
"Onde está a sua carteira?".
"Eu esqueci em casa, deixei tudo em Curitiba".
"Você não tem responsabilidade nem para lembrar dos seus documentos, magne para dirigir".
"Mas saímos com pressa, eu realmente esqueci"
"..."
"Eu vou todos os dias de carro para a faculdade. Vocês não tem como acessar alguma sistema para saber que eu tenho mesmo cnh?"
"Nosso sistema não está funcionando para o Paraná, não temos como acessar"
"Mas eu tenho carteira"
"Que ano você nasceu?"
"1986"
"Qual é o dia do teu aniversário?"
"29 de setembro"
"Olha meu senhor (para meu pai), sua carteira vai ter que ser apreendida por deixar uma menor dirigir, e você mocinha, vai ser infratada por estar dirigindo sendo menor de idade e por não portar os documentos"
Nessa hora eu queria chorar. Só pensava que meu pai estava ali do lado e ele ia fazer alguma coisa pra nos tirar daquela...
"Que dia você nasceu mesmo?"
"29 de Setembro de 1986"
"Então faremos o seguinte: você vai receber uma multa por não portar os documentos. Vou acreditar em você. Espero não me desapontar. Mas que isso não aconteça novamente"
"Podeixá, não irá se repetir"
Ele então rasgou um das multas que já tinha preenchido e manteve a outra.
"Confira a multa antes de assinar moça"
Notei que o carro especificado na multa era o do meu pai, mas estávamos com o carro da minha mãe lá! Eu comecei a balbuciar alguma coisa, querendo dizer que ele tinha escrito o carro errado, mas ao mesmo tempo que estava quase falando, tudo se esclareceu, e fiquei muda. Com toda a confusão da carteira de motorista, tinha esquecido que estávamos sem o documento do carro da minha mãe também. Meu pai deu o documento do carro dele para o guarda que nos abordou, que estava tão interessado em saber da minha cnh que nem percebeu que não era o documento do carro certo. E como tinha estacionado a uns 20 metros antes da blitz, os caras de dentro do camburão, que foram os que fizeram nossa multa nem viram o carro em que estávamos.
Assinei a multa e saímos para o carro. Demos meia volta na rua, para não passarmos na frente da blitz e fomos embora muito rápido.
A multa não chegou até hoje...

ps: detalhe da multa: "identificação do infrator - o mesmo". Eu tenho MUITO medo do mesmo.

segunda-feira, 24 de outubro de 2005

O barulho do relógio a incomodava. Deitada na cama, via a luz do mostrador do relógio iluminando parcialmente o breu do quarto. Saber que horas eram a deixava ansiosa, não conseguia dormir. A luz da lua, que entrava pelo buraco da cortina, iluminava boa parte da parede lateral do quarto. As sombras formadas denunciavam a existência de várias árvores do lado de fora da casa. As árvores faziam parte, na verdade, de um parque; lembrava quando o parque estava sendo executado e todos os moradores locais animaram-se com a novidade. Mas o espaço tornou-se de uso exclusivo ds traficantes: local para uso, compra e venda de drogas. Sua casa, pela proximidade do parque, estava sempre rodeada dessa gente estranha. Ela matinha a casa toda fechada durante o dia todo e, a noite, podia ouvir as conversas vindas de lá. Tinha medo de que eles a matassem enquanto dormia, transformando sua casa em uma boca. Cuidava do relógio, e se cochilava, seu sono era muito leve. Só dormia mesmo a partir das 6 horas da manhã, enquanto essa hora não chegava, ficava apreensiva, esperando acontecer o que tanto temia. Já eram 4:52, a noite estava terminando e logo poderia dormir despreocupada. Assim que amanhecia, desligava o relógio que tanto a irritava. Reparando nos barulhos extrenos, notou que essa noite estava atipicamente silenciosa. Pessentiu. Dormiu profundamente. Com o relógio ligado. O barulho do relógio não mais a incomodava.

terça-feira, 18 de outubro de 2005

sexta-feira, 14 de outubro de 2005

Referência

Todo mundo só fala nesse tal de referendo. Tá na moda discutir sobre isso. Eu já li várias opiniões a favor e contra, mas anda não formei a minha própria opinião. Tenho argumentos pros dois lados. Só pra não ficar diferente de todas as outras votações acho que vou anular!

terça-feira, 11 de outubro de 2005

cold day

Pela primeira vez sentiu a solidão. Olhava ao seu redor e queria fugir, mas não sabia pra onde iria, não queria estar em lugar nenhum. Não queria existir por aquele instante. As pessoas trombavam nele como se fosse invisível, todos seus amigos ao seu redor conversando e rindo nem notaram sua tristeza. Seu olhar demonstrava solidão, ele exalava carência, no entanto ninguém percebia. Saiu correndo sem direção, o mais rápido que pode. Queria estar em outro lugar, não queria estar em lugar nenhum. No meio da multidão parecia um louco correndo, mas ele não se importava. Todas as pessoas desse mundo são loucas, todas tem manias estranhas, mas a vergonha de demonstrar. Se escondem, não demonstram como realmente são por medo. Ele parou de correr e, andando, começou a cantarolar sua música preferida: "somos quem podemos ser" do Engenheiros do Hawaii. A cada verso que cantava, aumentava a intensidade de sua voz para que todos pudessem ouvi-lo:
"um dia me disseram que as nuvens não eram de algodão
um dia me disseram que os ventos as vezes erram a direção
e tudo ficou tão claro um intervalo na escuridão
uma estrela de brilho raro um disparo pára um coração
a vida imita o vídeo garotos inventam um novo inglês
vivendo num país sedento um momento de embriaguez
somos quem podemos ser sonhos que podemos ter
um dia me disseram quem eram os donos da situação
sem querer eles me deram as chaves que abrem esta prisão
e tudo ficou tão claro o que era raro ficou comum
como um dia depois do outro como um dia, um dia comum
a vida imita o vídeo garotos inventam um novo inglês
vivendo num país sedento um momento de embriaguez
somos quem podemos ser sonhos que podemos ter
um dia me disseram que as nuvens não eram de algodão
sem querer eles me deram as chaves que abrem esta prisão
quem ocupa o trono tem culpa quem oculta o crime também
quem duvida da vida tem culpa quem evita a dúvida também tem
somos quem podemos ser sonhos que podemos ter"
E todos ao seu redor olhavam-no com estranheza, com preconceito e até com vergonha dele. Mas ele não se importava, não tinha medo de fazer o que tinha vontade, de se expressar, se libertar dos conceitos estipulados pela sociedade: é errado fazer isso, é bom fazer aquilo, é certo ser assim, é feio falar tal coisa... Foda-se o que vão pensar de mim, foda-se o que é certo, o que é errado, o bonito o feio, tudo é pré estipulado. Não existe mais espontaniedade, o que não tá no padrão é ruim! À merda com isso! Cantou a música toda e, ao final dela já estava berrando e se sentia muito melhor. Se sentia feliz, bem. Pela primeira vez em anos fez o que tinha vontade. Não se importou com o pensamento dos outros, o que ele pensava era o crucial. Voltou para casa feliz. Descobriu a felicidade verdadeira e a liberdade total.

segunda-feira, 10 de outubro de 2005

Não consigo mais escrever textos, falta alguma inspiração. Não sei como, porque assisti a filmes excelentes nos últimos dias:
Dogville
Cidade dos sonhos
Ata-me
Tudo sobre minha mãe
A glória é feita de sangue
E mais alguns aí, tou vendo vários filmes ultimamente. É o que me mantém distraída e em contato com a realidade. O resto do tempo, parece que estou numa bolha: tudo ao meu redor parece tão surreal, inexistente. Todas as falas e gestos não são assimiladas pela minha cabeça. Além do que tudo acontece tão rápido. Não tá legal isso! Ansiedade me domina mais uma vez. E nem sei o que estou esperando. Alguma coisa diferente do que estou vivendo agora. Quando chegará e como será eu não sei ainda, continuo aguardando ansiosamente...