terça-feira, 7 de dezembro de 2004

argh

Aquela sala era horrível. Parecia uma sala de castigos onde as pessoas que fazem alguma coisa errado deveriam ir. E era por isso que eu estava ali. Mesmo sabendo que a porta estava aberta , mesmo não querendo estar ali eu fiacava sentada, fingindo estar fazendo alguma coisa importante, para me redimir do meu erro.
Apenas metade das luzes do teto estavam acesas pois tinham poucas pessoas na sala. Na metade da penúmbra, dois rapazes dormiam, deitados nas cadeiras. Eu, me sentindo meio Lola de "corra, Lola, corra" (apesar de estar bem parada e morrendo de preguiça de vencer a inércia)fico imaginando o futuro dos guris ali do canto escuro. Provavelmente farão uma faculdade qualquer, demorarão uns sete anos para se formar, serão aqueles que vão em todas as festas, mas nunca se divertem de verdade, não tem amigos de verdade e um ano e meio após se formarem morrerão num acidente com o carro turbo que ganharam do papai feliz pela formatura!
O tic-tac do relógio incomodava o silêncio ensurdecedor que se fazia dentro da sala. Na outra parte, a que eu estava, estavam também duas meninas, cada uma com seus respectivos penais de latinha que continham lapiseiras de ursinhos e borrachinhas cheirosas que nunca apagam bem; um senhor mais velho, hiper compenetrado estudando matemática, mas que com certeza não passará na ufpr, fato que me deixa muito triste - daqui alguns anos será eu no lugar dele ainda tentando ser aprovada... ; tinha também um menino todo estilosinho, usando anéis no dedo indicador e bermudinha de surfe. Ele vai passar, terá um emprego bom, uma família feliz, mas que nunca sairá daquilo, todo mês a mesma rotina e o mesmo salário porcaria.
Pessoas entravam e saiam, ninguém aguentava ficar naquele ambiente onde ninguém estava a vontade. Eu pelo menos não estava nada a vontade.
Finalmente o sinal da aula que eu tinha sido excluída tocou, e eu pude sair daquela sala de estudos depressiva.

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